"O grande desafio do autor que se aventura num desses caminhos minimalistas é manter acesa a convicção de que a qualidade da obra literária nada tem a ver com quantidade. E aqui encontra-se o nó górdio da questão: a matéria-prima da literatura são as palavras. Não existe obra que sobreviva apenas de uma sacada genial (este é o terreno da publicidade). As micronarrativas podem servir como porta de entrada a um neófito ou mesmo como um delicado acepipe ao leitor contumaz, mas, com raras exceções, não vão muito além disso. Para se contar uma história, é preciso criar personagens, cenários, conflitos; é preciso, em última análise, desenvolver ideias. Se poucas palavras derem conta desse recado, ótimo. Sou o primeiro a aplaudir.
Só, por favor, não me tirem o prazer de ficar mergulhado horas a fio nas páginas intermináveis de um bom romance, daqueles que nem precisavam terminar."
Luiz Paulo Faccioli
O escritor - antes de tudo (técnica e/ou tecnologia) - é um contador de histórias. O que,aliás, não deixa de ser uma espécie de realidade virtual.
Em tempo: tenho recebido comentários muito muito divertidos. Thanks!
Aí vai o link com a resenha do meu livro no site ARTISTAS GAÚCHOS...ucho ucho ucho: o papa é gaúcho!!! ha ha ha http://www.artistasgauchos.com.br/portal/?id=288
Processo de divulgação de livro. Quem quiser ajudar mande-me ideias, please. A editora não dá muita força nessa área. Aliás, vejo por aí que somente as "grandes" o fazem.
Aqui em Porto Alegre tem um prédio lindo horrores, o Santander pegou pra ele. É uma arquitetura das antigas, algo neoclássico e o diabo. Bem, vou fingir que tentarei o suicídio e aí aproveito pra lançar uns exemplares pelos ares...óia inté rimô!
A capa e o miolo de Ligações da Rua já foram revisadas e rubricadas por mim e voltaram à editora. Agora é só esperar o livro ficar pronto.
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O blog da Glória Perez é bem interessante. Eu não assisto a novelas, não por ser uma fresca pedante, mas porque tendo TV por assinatura e as opções aumentam...quero dizer, nem tanto...um pouquinho mais só...e eu prefiro assistir a enlatados mesmo, sejam dos EUA ou da Europa. Bem, mas não é sobre minhas preferências televisivas o post. Para quem assiste a novela das 8 da Globo, deve saber que há ou havia uma atendente de telemarketing. Glória Perez tem uma equipe de pesquisadoras (às vezes não parece) e é sobre isso o post no seu blog cujo link está abaixo:
Essa é uma das músicas que aparece em Ligações da Rua. Pode até ser considerado uma espécie de hino gay, mas que levanta o moral de qualquer um, levanta!
I will survive... yes :D
O clipe é pra lá de fraquinho. A guria patinando é um fiasco. Limitações dos anos 70. O que importa mesmo é a voz e a musicalidade da letra que diz pro cara se safar porque agora ela aprendeu a viver sem ele... rs
Hoje me ligaram de um Call Center. Se eu estivesse nos EUA, provavelmente receberia uma ligação de um Call Center na Índia, mas não perceberia. Os teleoperadores indianos recebem treinamento para adquirir sotaque "norte-americano" e, assim, os sobrinhos do Tio Sam pensam que o teleoperador é um desgraçado qualquer da sua própria terra natal.
A menina tentou me vender um plano de saúde que a gente ganha dinheiro enquanto descansa o esqueleto num leito de hospital. Ontem à noite, o mesmo pessoal me fez a mesma proposta: Caso a senhora seja internada, receberá todos os dias, digo, TODOS OS DIAS, R$ 100, 00. Não é um plano de saúde, É DINHEIRO.
Engraçado é que esta manhã me ligaram com a mesma proposta, mas o valor havia mudado para R$ 150, 00. Uau!
Essa coisa de vender plano de vida ou seguro de saúde parece aquelas correntes que se tu não passar adiante POFT! morrerá engasgada com a própria saliva. Parece mau augúrio. Pensei em dizer à teleoperadora que não podia fazer negócio porque eu tava muito bêbada, mas a piada infame me escapou na hora. Logo eu aplico essa e conto aqui a reação alheia.
Tinha uma época que eu gostava muito de ver programas policiais (os reais, sem ficção), até o Datena eu via...rs....porca miséria....rs Então achei legal esse vídeo abaixo que mistura telemarketing com As Primeiras 48 Horas.
Cinquenta desesperados passaram na primeira etapa de seleção do Call Center. Tínhamos que aprender – agora no treinamento de 1 mês – a vender o provedor Berra. Ainda não estávamos empregados, mas era aquela sensação que os camaradas que ganham uma competição na tevê sentem. Um pé no emprego e outro, no limbo. A notícia de que teríamos que desembolsar a despesa com transporte ao longo de 1 mês (5 dias por semana) frustrou-nos, mas não nos abateu. Porque já éramos vencedores!oh, god! Havíamos derrotados outros 50 candidatos a 50 vagas nos dois turnos da biboca. Éramos os escolhidos, os apontados pelo dedo em riste de Deus, aleluia, Senhor, aleluia. Então foda-se que teríamos que gastar antes de receber, fodam-se os obstáculos, o sistema ou a falta de vergonha na cara desse tipo de empresa pé-de-chinelo porque NÓS ÉRAMOS OS VENCEDORES. NÓS TÍNHAMOS O DOM. NÓS FARÍAMOS AS COISAS ACONTECEREM. NÓS VENDERÍAMOS PROVEDORES DE INTERNET ATÉ PRO DEMÔNIO (menos para menores de idade, provavelmente o departamento de cobrança teria problemas para cobrar, eta ferro!).
Voltei para casa meio empregada, meio ainda fodida. Após o treinamento haveria uma prova e, caso passássemos, aí sim estaríamos realmente empregados. Uma espécie de vestibular de merda.
A turma se uniu rapidinho e até esquecemos que éramos inimigos mortais. Teve gente que, mesmo torrando a grana na porra do treinamento, ia a barzinhos do centro nas noites de sexta. Era uma curtição. E a gente nem sabia muito bem onde tava se metendo.
Quase no fim do treinamento, o cara do RH foi falar com o pessoal. Era a tarde do RH e suas informaçõeszinhas...Bem, ele usou o quadro negro e o giz. Era o “cara”, dava pra perceber que o quarentão tava no ápice de sua carreira diante de nós. Palestrou sobre tudo e quando chegou no valor do salário... epa!...a coisa já não era mais a combinada na seleção.
- Ah, é por que antes vocês iam trabalhar de segunda a sábado. Agora é até sexta.
A “empresa” mudou de ideia. A “empresa” é libriana. Eles mudam de ideia e o teu salário também muda.
Não sei o que os outros vencedores pensaram, não dava pra ler no rosto deles, era tudo tão...tão absurdo que dava vontade de rir sentindo dor. O investimento na bosta do treinamento já tinha ido todo. Eu havia ignorado outras ofertas de emprego (uma pior que a outra, era verdade). Pressentimentos vertendo de todos os poros. E agora ganharia menos do que pensava e antes já pensava que era uma merda de dinheiro mas fazer o quê se nos classificados só tinha armadilha e sacanagem?
Nunca me imaginei executiva de empresa. Acho tailleur roupa de mulher assexuada. Mas dentro daquele shopping Center organizacional, arquitetura moderna, paredes envidraçadas, elevador panorâmico, máquina de lanche, máquina de café, máquina de refrigerante, máquinas humanas, aquilo tudo, junto, misturado, mexeu com minha cabeça ao ponto de eu me sentir a próxima vice-presidente da “empresa”.
Assim, o que eram R$ 100,00 a menos do que o combinado? Ou a exclusão do cartão de refeição para a máquina do lanche? Ou o banco de horas em vez do pagamento de hora extra? Ou o sigilo sobre a cláusula no contrato a respeito da perda dos direitos trabalhistas caso o camarada saísse durante o período de experiência? Ou que a supervisora sempre, todas as noites, pediria quase mandando que ficássemos após o expediente?
Passei na prova e pluguei-me ao mundo dos idiotas. Logo no primeiro dia, a supervisora teve uma crise, um chilique, ficou histérica (infelizmente nada a ver com a histeria da psicanálise), a supervisora ex-maconheira... Existe ex-maconheiro?
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Site do livro LIGAÇÕES DA RUA
Betty é teleoperadora de um Call Center que tem como cliente o Itop - provedor de internet. Ela tem 30 anos, escreve um romance (que nunca consegue terminar). Tenta esquecer o ex-marido (com síndrome de Peter Pan) que a trocou por uma adolescente, ao mesmo tempo que mantém um estranho romance com o vizinho metrossexual. Junto a isso, ela procura (quase sempre sem êxito) se adaptar à rotina estressante do telemarketing. Os bastidores de uma grande empresa que envolve milhões de reais, milhares de pessoas e o poder de interromper o cotidiano de qualquer um: basta que tenha telefone. As chefias psicóticas, as metas de vendas irreais e as doenças emocionais que, por serem invisíveis, são ignoradas. A face grotesca e patética do capitalismo, e a solidão nas grdes cidades. Uma narrativa por vezes dramática e por vezes hilária. Uma história do cotidiano.